segunda-feira, 6 de setembro de 2010

believe in love,sex and magic

O encontro fora marcado para às 7:30, o trajeto já lhe havia sido repetido perfeitamente inúmeras vezes na cabeça. - Mulher tem disso. Banho às 6:30, secar um pouco a ponta dos cabelos demoraria uns 15 minutos, passar perfume que ele gosta, a maquiagem leve com o batom vermelho carmim... E se vestiu de coragem, e se cobriu de volúpia. Nada de pétalas de rosas, nada de luz de velas, era como se aquele momento tivesse sido espotâneo, um dia normal depois do trabalho, mas o dia em que ia dizer à ele mil e uma coisas sem abrir a boca. O jantar, japonês, a correria lhe impediu de pegar os velhos livros em cima da estante, empoeirados, fazer as compras, provar de sal... Era meio de se estranhar que lhe faria um prato sofisticado num dia comum... Então provavelmente pediria delivery. - O que eu faço? Pensou. Os passos de antes da chegada foram seguidos, feitos, hechos, será que é hecho em espanhol? O nervosismo era um pouco engraçado, o porque disso? Não era a primeira vez em que aquele homem viria, viera todos os dias. Mas ela faria mais uma loucura de amor, mais uma por ele.
O interfone avisa a chegada, parece que ela o havia seguido, lhe viu passar pelas ruas, semáforos, os sorrisos, as músicas no rádio - sua mania de nunca gravar cds, pois a rádio tinha um ar de suspense-, e seus passos, e os passos dele, até aquele momento. - Esse momento. Abriu a porta e antes que ele pudesse falar boa noite ou qualquer outra coisa sobre o dia, a noite, o tempo, a chuva ou o trânsito... O ar doce e calmo, meigo e sútil lhe deu espaço para uma espécie de voracidade. Tivera seus olhos vendados. Fora guiado até o sofá por sua gravata amarrada no pescoço que fora cuidadosamente retirada após de uma breve risada maléfica, empurrado, sentou-se abruptamente. O carmim dos lábios fora transferido ao rosto, ao peito depois da camisa aberta, aos braços. Um corpo defronte lhe pesava o colo de tanto desejo. As mãos guiavam suas mãos por uma silheta conhecida, com fitilhos e cinta-liga. E sem entender tudo aquilo, respeitou a sua posição de vassalo. Um sussurro no ouvido: - Você vai fazer exatamente tudo aquilo que eu mandar, vai ficar ai quietinho e não vai ver nada, só vai sentir. Você quer? E a voz trêmula com uma espécie de falta de ar respondeu: O que? Isso. E as unhas pintadas de preto guiava os lábios da orelha até os seios. As luzes se apagaram, as distâncias deixaram de existir, dançaram deitados valsas e boleros. A lua havia se apagado aquela noite, para eles, só para eles.