sábado, 2 de julho de 2011

Cabelo vermelho

Caminhar pelas calçadas em busca de novos olhares, rostos bonitos e pensamentos diferentes. Faço isso toda manhã até chegar ao trabalho, e aí então desenrolarei meu cachecol, tirarei minhas luvas e começarei a digitar e reler centenas de artigos desinteressantes para um novo resumo. Tudo é tão velho. Em instantes eu paro, observo as pessoas atarefadas e sinto como se em anos passados, minha xícara estivesse no mesmo local, os livros estariam empilhados na mesma ordem, a linha de poeira que arrodeia o calendário daquela mesma forma... E esse coração recosturado, cor de livro velho largado à beira d'agua. Eu tento encontrar o teu sorriso no de outras moças, eu tento sim. Tem aquela lá... a.. Como é mesmo o nome dela? Deixa pra lá, eu esqueci, devo ter anotado seu telefone e guardado dentro de um bolso qualquer. Tento ter as mesmas conversas longas e sórtidas com aquela loira do café que sempre vou. Tento ao menos comparar tudo isso. Mas eu sinto como se as outras pessoas fossem meus afazeres dos quais tenho que reler e tirar um bom resumo para compara-lo ao original e sair algo bom. Aonde é que você tá, ein? Eu tive uma história tão boa contigo, não quero cópias, nem releituras, eu quero as nossas conversas, a tua risada, teu cabelo no meu colo enquanto faz frio lá fora. Eu quero o brega que eu tive de fazer, quero todas as cartas e todas as vezes que te busquei em casa. Eu te deixava na porta e você entrava, me dava um beijo, e ia embora.. De volta, pra casa.. Mas eu não ia. Eu sempre esperei meia hora ou duas meias horas, pois aí eu achava que estaria seguro de deixar minha casa, meu lar e voltar para um canto onde eu repouso a cabeça e tardo os pensamentos. Você desperta em mim essa coisa doce, essa coisa sacana. Desperta o melhor do que eu conheci. E quando você foi embora, porque eu sei que foi, eu sei que você foi embora. Foi, quando me deu o último beijo e não me deixou dar nenhum, nunca mais. Sem mais teu perfume tão perto, sem mais cantar canções de amor para mim, sem mais cozinhar e depois fazer da janta outra coisa... Sinto muito, por sentir muito, muito amor por você.